Acad. Noélio Duarte (Cadeira 13)
Há quase três décadas atuo como professor universitário. Atuo como professor e pesquisador na área da Neurolinguistica, uma ciência que estuda o cérebro e sua influencia nos pensamentos, sentimentos e comportamentos. E são muitas as experiências em sala de aula. Gosto de dar aulas tendo como foco a inteligência emocional, isto é, gosto de levar alunos a pensar ou repensar a vida como uma possibilidade de crescimento e mudanças. Utilizo muito as metáforas, isto é, histórias com um fundo motivacional, que funcionam como catalisadoras de novos pensamentos.
Tenho ouvido muitos alunos comentarem: “A minha memória está deficiente...”, ou “Não consigo memorizar mais nada! É uma confusão só dentro de minha cabeça!” ou ainda: “Acho que estou ficando velho e não estou conseguindo memorizar mais nada. Já não confio mais em minha memória e por isso anda com uma agenda o tempo inteiro...”. São argumentos. Mais que isso: são constatações na aprendizagem.
E como anda sua memória? De acordo com estudos científicos, sua resposta só será honesta se você disser: mal, bem mal. É que pesquisas mostram que nos lembramos apenas de 10% daquilo que aprendemos. Os outros 90% são esquecidos rapidamente, logo depois que se aprende.
Infelizmente, por não conhecer bem a mente humana e não saber como as informações são processadas no cérebro, pessoas de todas as idades, alunos, estudantes ou não, tem apresentado péssimo desempenho nas provas e exames. Especialmente no ensino tradicional, que quase sempre avalia a capacidade de reproduzir conteúdo, a memória é fundamental. Por isso, as novas técnicas de memorização ajudam a desenvolver a fixação de informações apresentadas e aprendidas. E como ajudar a memória a ter um bom desempenho?
1º. Ler e ouvir não basta. A melhor maneira de aprender é discutindo em grupo ou ensinando o que se está tentando aprender. É que a concentração será mais fácil quando você está conversando com alguém sobre um tema ou explicando aquilo. Ler ou ouvir alguém falando é muito mais suscetível a distrações e interrupções no seu processo de concentração.
2º. Ache um enfoque do assunto que lhe interesse. É mais fácil lembrar-se de algo do seu interesse do que de algo que não lhe interessa. É por isso que, se você gosta de uma matéria, provavelmente tem muito mais facilidade em aprendê-la. Tente achar um enfoque dentro de um assunto que não lhe interesse tanto, uma nova abordagem e que possivelmente tenha um aplicativo em sua vida ou profissão. Precisamos aprender a estudar assuntos dos quais não gostamos. O gostar é um facilitatório para a memória. Ainda que você não aprecie tanto, diga: “aprender isso vai ser muito interessante! Acho que vou amar saber mais sobre esta questão!”
3º. Concentre-se. Aprenda a deixar de lado as notificações do celular e foque no que está estudando. Se você estiver cansado ou distraído, é muito mais difícil para o cérebro fixar o conteúdo com o qual você está tomando contato. A concentração na assunto, na fala, no texto ou nos slides é uma porta de entrada para uma memória produtiva.
4º. Lembretes na hora certa. Há horas melhores e piores para se lembrar de algo que você aprendeu (e o resgate desse conteúdo ajuda você a fixar as coisas na memória). Se você precisa fixar algum conteúdo, aprenda a estudar o assunto uma hora depois e a estude de novamente depois de 24 horas. Depois, procure no final de semana seguinte, rever todo o conteúdo aprendido durante a semana. A memória funciona por repetição. Assim, se você repete o mesmo assunto três ou mais vezes na semana, cria um poderoso registro em sua memória.
5º. Descanse. Faça pausas entre os estudos. Não dá pra saber exatamente quanto e como você deve parar porque isso varia de indivíduo para indivíduo. Uma boa técnica é estudar por 50 minutos, que é o tempo máximo que alguém consegue se focar em uma tarefa, na média, e dar uma pausa de até 10 minutos antes de recomeçar. De novo, isso pode variar, então fique atento aos sinais da sua mente. Cansou? Então, parou! Forçar estudos com a mente cansada, vai gerar o sono.
6º. Antes de dormir, logo que levantar. Estudar nessas horas é uma boa maneira de fixar conteúdo, por causa das substâncias químicas liberadas pelo cérebro nesses horários. Mas evite ler sentado na cama ou em poltrona confortável. O conforto gera acomodação. E a acomodação gera relaxamento. E o relaxamento leva ao sono.
7º. Faça conexões entre o que você já aprendeu e o que você já sabe. Aprender é um processo conectado, e não individual. Uma maneira excelente de fixar algo novo é conectando isso com algo que você já saiba ou conheça. Por exemplo: ao aprender um novo assunto, tente conectá-lo com algo que você já ouviu, leu ou debateu. Essa similaridade é facilitatória para o seu cérebro. É como ele estivesse revendo algo.
Deus em sua infinita sabedoria, já orientava seu povo sobre a importância de se aprender pela repetição. Em Deut. 11, o Senhor motiva seu povo a guardar na memória os feitos e fatos. E para isso, a técnica que ele ensinou foi a da repetição oral, contando periodicamente a história do resgate da escravidão do Egito e como isso aconteceu. A audição é um potente canal que estimula e sensibiliza as memórias. Por isso, ainda hoje precisamos continuar a falar a respeito de Deus para nossos filhos. Falar e comentar sobre o cuidado, zelo de Deus e Seu grande amor por nós. Quando falamos, incutimos na memória. E essas boas memórias ajudam-nos a vivermos felizes.
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